ADOLESCÊNCIA
E SEXUALIDADE: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO EM UMA ESCOLA DE PORTO VELHO – RO
Este
artigo se deu início a partir de um levantamento de dados realizado em Porto
Velho – RO devido haver um alto índice de gravidez na adolescência, tendo um
quantitativo de 27, 90% de gestantes com idade abaixo de 20 anos. Outro fator
referente a tal pesquisa é devido ter uma inexistência de programas de
conscientização da gravidez precoce na capital.
Partindo
desse pressuposto, a relevância da pesquisa ocorreu em uma escola pública, e os
entrevistados foram adolescentes de 12 a 17 anos. Oferecendo à eles orientação
sexual, gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis.
A Sexualidade na
adolescência
A
adolescência é um momento de grandes transformações biopsicossociais, e na
maioria das vezes é nessa fase que costuma ocorrer a iniciação sexual, muitas
vezes sem orientação prévia de um adulto responsável que possibilitaria ao
adolescente fazer escolhas conscientes, considerando desejo, prazer e risco.
A
respeito da iniciação sexual do adolescente masculino, estudos mostram que a
precocidade das primeiras experiências sexuais ocorrem em função da necessidade
de auto-afirmação da masculinidade, cuja meta é “mostrar-se homem”, além de
haver a crença de que o homem não possui e não deve possuir controle sobre seus
impulsos, do contrario, pode ser considerado menos másculo.
A
ocorrência da iniciação sexual acaba tornando o adolescente, de certa forma,
vulnerável. Sendo que a intensidade dos riscos é proporcional ao clamor dos
hormônios e dos discursos que estimulam a busca pelo prazer sexual a cada
instante.
A Sexualidade dos
Jovens Brasileiros
Pesquisas
feitas aqui no Brasil no ano de 2008 com jovens de 15 a 24 anos, 30,1 %
afirmaram não ter utilizado preservativo na primeira relação sexual.
Acarretando assim riscos enormes de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis).
Em função disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça a diretriz de que
é preciso ter estratégias para a promoção da saúde como o enfoque na educação
profilática, com políticas que estimulem ações comunitárias e orientações em
serviços de atenção básica.
Resultados da Pesquisa
e Discussão
1.
Perfil
dos sujeitos da pesquisa
Os adolescentes que fizeram parte da
pesquisa declararam residirem com o pai, a mãe e outras pessoas. No entanto, 27
% deles declararam morar apenas com a mãe. Quanto à renda familiar não
ultrapassam dois salários mínimos mensais, corroborando os dados oficiais sobre
o baixo poder econômico da população local. Ou seja, o perfil dos adolescentes
pesquisados podem ser resumidos em pessoas pertencentes a classes sociais
desfavorecidas, e cujos pais em sua maioria, cursaram até o ensino fundamental,
mas muitos não concluíram esse nível escolar e estão limitados a ofertas de
empregos/ocupações que os impedem de alcançar melhoria salarial.
2.
Aspectos
da vida afetivo-sexual: fontes de informações e apoio
Foi perguntado aos adolescentes qual o
meio utilizam para obter informações sobre sexo. Entre os meninos prevaleceu a
resposta (61,1%) de que os pais seriam a principal fonte de informação; entre
as meninas (52,9 %) declararam utilizar livros e revistas para esta finalidade
e 38,2 % afirmaram também correr aos pais. Como as perguntas da pesquisa permitiam
mais de uma resposta, há também o registro de fonte de informações como a
internet e profissionais da área da saúde ou da educação dentre outras, porém
com números menos expressivos.
3.
Avaliação
dos adolescentes sobre os riscos e as conseqüências do sexo
A pesquisa também abordou questões
relativas à concepção que os adolescentes possuem dos riscos inerentes ao ato
sexual, e quando indagados sobre alguma situação vivida em conseqüência da
relação sexual, tais como gravidez indesejada ou uma DST, seja para si mesmos
ou para alguém que conhecessem, apareceram, no cômputo total, 28% dos meninos e
9% das meninas que declararam ter tido pelo menos uma gravidez indesejada em
função de não terem usado métodos anticoncepcionais.
No que se refere à gestação indesejada
entre as adolescentes, estaria o fato de elas não conseguirem controlar o
desejo de fazer sexo ou porque não imaginavam que engravidariam. Não saber usar
a camisinha, ou não gostar de usá-la, foi apontado como uma das causas.
4.
Vida
afetiva: eles querem pegar/ficar; elas querem namorar/casar
Os garotos foram quase unânimes em suas
respostas do questionário, indicando a pratica do ficar como uma opção declarada para as experiências afetivas e
amorosas. Algumas frases ditas por eles foram: “Nunca namorei sério”, “Foram
apenas Beijinhos”, “Às vezes agarro,
sem relacionamento sério”, “Eu gosto
de ficar”, etc.
Os rapazes de 12 à 15 anos, referem-se a
relacionamentos mais voltados para beijos, carícias ou amassos como condutas típicas do ficar. Já entre adolescentes de 16
e 17 anos, o ficar ganha a conotação
e a possibilidade de sexo, e a expressão passa a ser substituída pelo pegar.
Em relação às meninas, uma parte delas
demonstra pudor e preocupação em não se tornarem “apenas” uma garota “de ficar”
aos olhos dos meninos. Preocupam-se também em poder relatar as experiências
amorosas decorrentes de relacionamentos mais sérios e duradouros. Conquistar o
status de namorada e um dia casar, revelou-se como um sonho presente em vários
relatos dentre as garotas pesquisadas. Elas usaram a expressão: “Não sou de ficar”, “Prefiro ser uma
namorada, em vez de ficante”, “Sou uma menina para casar”, etc.
5.
Experiênciassensuais/sexuais:
eles citam, elas descrevem
Os adolescentes foram questionados sobre as
experiências de contato corporal – como beijos, abraços, etc – que tiveram, e a
idade que ocorreu pela primeira vez. Em relação às experiências mais
direcionadas ao sexo, apareceram com ênfase nos textos dos adolescentes
masculino, inclusive com um retrato de participação de sexo grupal.
Os
garotos relataram experiências de forma gradativa quanto à
intensidade/intimidade, começando por selinhos até a descrição de terem feito
sexo oral e anal.
A
pesquisa com as meninas tiveram algumas variações em relatos dos meninos. A
primeira diferença foi na forma do conteúdo anunciado; enquanto eles citam as
experiências vividas, elas buscam descrevê-las e justificaram suas escolhas,
por exemplo, o fato de ainda não terem beijado ou feito sexo. Muitas admitem
serem virgens e justificaram não responderem algumas respostas por não terem
tido experiências sexuais. Algumas delas coloram que nunca teria beijado só
abraçado. Outras afirmavam que só beijava e nada mais.
No
entanto, outro grupo de garotas não teve nenhuma dificuldade de colocar que
tiveram relações pela primeira vez aos 12 anos ou até mesmo antes dessa idade;
como o caso de uma menina de 10 anos que perdeu sua virgindade, e diz não se
arrepender.
Diante
da pesquisa foi possível observar que mesmo em tempos modernos, parece
persistir nas meninas o discurso romântico em torno dos encontros e
desencontros entre os sexos, enquanto os meninos relatam relacionamentos sem
menção de compromisso.
O
artigo mostrou também que mesmo em tempos de doenças transmissíveis existe uma
falha nas políticas de atenção aos jovens. Em Porto Velho a um índice de partos
entre adolescente que apontam 25% dos registros.
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